De Anoeta a Berlim: do fracasso ao sonho do triplete

Há poucos meses, o Barcelona viveu uma crise esportiva e institucional: a derrota para a Real Sociedad no Anoeta teve enorme repercussão. Houve uma discussão entre Luis Enrique e Messi (confirmada pelos outros jogadores e até pelo próprio Messi) e o trabalho de pouco mais de 6 meses do treinador começou a ser bastante contestado. A decisão de optar por deixar Messi e Neymar no banco num campo onde o Barça não vence desde 2007, no fim das contas, foi tão certa quanto errada.

Vamos lembrar: depois dessa derrota, Zubizarreta foi demitido, Puyol (que era assistente de Zubi) pediu demissão, os boatos sobre a saída de Messi ganharam força, Leo faltou um treinamento, começou a seguir o perfil do Chelsea no Instagram (não que isso seja relevante, mas vamos combinar que ele sabia o furor que causaria)... e a temporada parecia perdida. Mas, desde então, tudo começou a funcionar.

O trio MSN engrenou (depois desse jogo, Messi marcou 30 gols, Suárez 21 e Neymar 23); Piqué, Daniel Alves e Busquets recuperaram a forma e Luis Enrique recuperou o vestiário. O grupo está muito unido e a catástrofe do dia 4 de janeiro rendeu 28 vitórias em 31 jogos (2 derrotas - Málaga e Bayern e 1 empate - Sevilla). A temporada que em janeiro parecia perdida pode terminar no dia 6 de junho com o triplete.

                

Agora, um questionamento interessante: o Barça teria chegado a todas as finais que poderia se não fosse essa derrota? 

Em tempo: obrigado, Jordi Alba.

(Pra quem não entendeu..)

Barcelona 3x0 Bayern: show tático e presságio de Guardiola

Na coletiva que antecedeu o confronto contra o Barcelona, Guardiola afirmou que, se Messi estivesse inspirado, nenhuma defesa conseguiria para-lo. A impressão que deu naquele momento é que o 'Criador' estava demonstrando respeito à sua 'Criatura', e, talvez, tentando jogar a responsabilidade pra cima dele. Mas a declaração de Pep foi um presságio.

''Nós estamos prontos'. Mais um presságio

Barcelona e Bayern atenderam às expectativas. Um absurdo equilíbrio tático e técnico. Os bávaros, diferente do que aconteceu no mesmo Camp Nou em 2013, agrediram pouco; provavelmente até os expectadores suaram mais que Ter Stegen. O Barcelona teve duas ótimas chances que pararam no melhor goleiro do mundo. 

No intervalo, Pep arrumou a casa, o Bayern teve mais volume e foi superior ao Barça no 2º tempo. Até os 75' o jogo parecia completamente indefinido, mas Messi - que, acreditem, estava sendo bem marcado - só precisou de dois lances geniais pra acabar com a festa.

Bernat errou a saída de bola, Daniel Alves ganhou dele, driblou Xabi Alonso e tocou pra Messi, que levou pra canhota, chutou de fora da área e aí vocês já sabem. A 40ª assistência de Dani para Messi na carreira. 

O segundo gol explicou por que jamais haverá outro igual a Leo: recebeu de Rakitic, fez Boateng cair como se tivesse levado um nocaute e encobriu Neuer, tudo isso com aquela facilidade que só ele consegue passar.

Messi ainda deixou Neymar livre para fazer o 3º e colocar o Barcelona muito perto da final, que será disputada em Berlim, no dia 6 de junho.

Três a zero parece muito para uma partida tão equilibrada, mas o Barça não tem um diferencial, tem O diferencial. Na Allianz Arena o Bayern não terá nada a perder e deve ir com tudo pra cima do Barcelona, que provavelmente sofrerá gol(s), mas também terá boas chances de responder nos contra-golpes (um aspecto destacável do Barça de Luis Enrique).

Messi reassumiu o 1º lugar na artilharia histórica da Champions (77 gols em 97 jogos, contra 76 de Cristiano Ronaldo - em 114 jogos) e também passou a ser o artilheiro desta edição (10 gols), ultrapassando Luiz Adriano e CR7 (ambos com 9). Teremos muita história pra contar aos nossos netos.

As maiores promessas de La Masia

Todos nós estamos cansados de ouvir/ler aquela famosa frase: "craque o Barcelona faz em casa". E os catalães demonstraram isso da melhor forma possível: venceram 14 títulos nos 4 melhores da história do clube, sendo a imensa maioria dos jogadores (e até o treinador) formados nas categorias de base do próprio Barcelona.

Os 4 anos se passaram e o Barça, desde 2012, já deu inúmeros sinais de que clama por uma renovação em seu elenco. Os ciclos de Valdés e Puyol já estão oficialmente encerrados, a grande fase de Pedro já passou, Xavi vive uma derrocada (física e técnica)... e agora, depois de uma temporada pífia e sem títulos (Supercopa não satisfaz o atual nível de exigência do clube), o tal 'fim de ciclo' parece que, finalmente, virou uma realidade para os barcelonistas.

Aproveitando o 'embalo' deste fim de ciclo (que implica no começo de outro), apresentarei, neste post, alguns nomes que vocês deverão ouvir muito no futuro. Conheçam, em um formato 4-3-3, as maiores promessas de La Masia:

ONDOA

Goleiro, camaronês, 18 anos, levado ao Barça pela fundação de Eto'o. Atua pelo Juvenil A e foi um dos grandes nomes da conquista (de forma invicta) da UEFA Youth League — a Champions League sub-19 — pela sua categoria. Mede 1,85m, tem muita força física, vai bem pelo alto e tem um bom jogo com os pés, tanto com a direita como com a esquerda. Precisa melhorar no 'mano a mano', mas se trata de um jovem com muito potencial e vontade de aprender.

GODSWILL
Lateral-direito, camaronês, 18 anos, também proveniente da fundação de Eto'o. Assim como o seu compatriota Ondoa, Godswill também atua pelo Juvenil A e também foi um dos grandes destaques da conquista da Youth League. O lateral disputou todas as 10 partidas da competição e marcou 4 gols (um número excelente para um defensor). Também tem uma grande força física (mede 1,80m, é forte e rápido), disciplinado taticamente e só se aventura ao ataque quando percebe que há uma ótima oportunidade.

XAVI QUINTILLÀ

Espanhol, 17 anos. É um dos defensores mais promissores de La Masia. Atua como zagueiro e lateral-esquerdo (lembrando um pouco a Abidal). Sua evolução foi mais rápida que as dos demais: com apenas 17 anos, muito provavelmente deve fazer parte do Barça B na próxima temporada. Canhoto e polivalente (também já atuou no meio-campo), Xavi tem muita técnica, visão e inteligência (que lhe permite adiantar-se às ações dos adversários). Precisa melhorar o jogo aéreo (mede 1,79m) e levar mais perigo ao ataque quando atua pelas laterais, mas com tão pouca idade e muita vontade, certamente ele aprenderá.

RODRI TARÍN

Zagueiro, espanhol, 17 anos. Um zagueiro de muito potencial que se destaca pela sua forte marcação, sua "agressividade" e seu poderoso jogo aéreo (mede 1,84m). Seus maiores referentes são Piqué e Sergio Ramos (e ele lembra, em muitos aspéctos, o zagueiro madridista).

GRIMALDO

Lateral-esquerdo, espanhol, 18 anos. Dizem em Barcelona que é o melhor lateral-esquerdo que já passou por La Masia.
Com apenas 15 anos(!), Grimaldo estreou com o time principal, tornando-se o terceiro estreante mais jovem da história do Barcelona. E a velocidade que vimos em sua evolução também existe em campo: é um EXCELENTE apoiador; chega muito bem ao ataque, é muito veloz e dá bons cruzamentos.. mas apresenta algumas carências na defesa (que são minimizadas pelo seu grande poder ofensivo). Lembra bastante o atual dono da nossa lateral-esquerda, Jordi Alba.

SAMPER

Volante, espanhol, 19 anos. É, sem dúvida alguma, um dos maiores nomes desta cantera... e não apenas na sua posição. Chegou cedo ao Barça B e a iminente saída de Song já o coloca no time principal da próxima temporada, pois mesmo com tão pouca idade, Samper já atua como um veterano. Excelente trabalho com a bola (um dos maiores representantes do nosso estilo no Barça B), bom posicionamento e uma excelente visão de jogo (orienta seus companheiros e dá ótimos lançamentos de longa distância). Alguns jornalistas o chamam de 'Pirlo da cantera'... 

KAPTOUM

Camaronês, 17 anos e também veio da fundação de Eto'o. Kaptoum, assim como Ondoa, Godswill, Quintillà e Rodri, também fez parte da sensacional campanha do Juvenil A na Youth League, disputando 9 partidas e marcando 1 gol. Dizem na Catalunha que o nome dele foi um dos primeiros a serem mencionados por Tata Martino quando chegou ao Barcelona (perguntando sobre a base), e seu futebol justifica: é um excelente orquestrador, tem ótima técnica e sabe cadenciar as partidas. Executa o estilo com perfeição, podendo se tornar um grande substituto de Xavi a longo prazo... só precisa ser mais intenso defensivamente.

RAFINHA

Rafinha Alcântara, 21 anos, ainda é uma promessa (diferente de seu irmão, Thiago, que já se consolidou no Bayern de Pep Guardiola)... mas tem um enorme potencial. A temporada no Celta (para onde foi emprestado) o fez muito bem: lá ele ganharia muita experiência, precisaria ser um dos 'caras' do time... e foi. Nos jogos em Vigo, Rafinha já ouviu, por muitas vezes, o clamor da torcida pedindo para que ele seguisse no clube: "RAFINHA, QUEDATE!".., mas o seu retorno ao Barça está 99% certo. Polivalente (no 4-3-3 de Luis Enrique, já atuou como meio-campista armador, atacante e até como falso 9), joga em todo o ataque e tem uma boa presença de área, além de muita técnica. Teria sido bem útil nessa temporada...

ADAMA

Adama Traoré, 18 anos, é apontado como uma das maiores promessas de toda a cantera. Conhecido como 'La Fletxa', Adama é MUITO veloz, tem uma enorme força física (assustadora para um garoto de apenas 18 anos), atua pelas pontas e é bem incisivo. Junto a Munir El Haddadi (com quem tem um excelente entrosamento) foi um dos 2 maiores destaques do Juvenil A na Youth League: disputou 5 partidas, marcou 2 gols e deu 3 assistências. Para conhecê-lo melhor, assistam a esse vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=8QueaGS67dA

MUNIR EL HADDADI

Munir El Haddadi, conhecido por sua excelente presença de área e seus golaços, tem 18 anos e foi o maior responsável pela conquista da Youth League, com ótimos números: 11 gols e 5 assistências em 10 jogos. Está sendo utilizado por Eusébio no Barça B, e em 2 jogos já tem 2 gols e 1 assistência. Os dois gols foram marcados pouco tempo depois que entrou em campo (começou as duas partidas no banco), sendo um deles um golaço, que deu a vitória (de virada) ao Barça B... e a assistência para o gol de Espinosa abriu o placar para o time na outra partida. Ou seja: além talento, o garoto tem estrela.

Um vídeo dele:
http://www.youtube.com/watch?v=h7MPRb6Fk_0

DEULOFEU

Depois de Bojan (rs), é a maior promessa de nossa cantera. Deulo tem 20 anos e está emprestado ao Everton (mas o seu retorno ainda não é tão certo quanto o de Rafinha). Uma de suas principais características é a velocidade: Roberto Martínez, técnico dos Toffees, já chegou a afirmar que pouquíssimas vezes pôde ver um jogador tão rápido com a bola. Se sai muito bem no mano a mano, tem um grande repertório de dribles... mas precisa melhorar no jogo coletivo (nem preciso dizer o quão importante é esse aspecto para um jogador do Barcelona) e amadurecer mentalmente (é um pouco teimoso, as vezes desobedece às orientações do treinador e quase sempre se mostra bastante insatisfeito quando é substituído). Mantendo os pés no chão e trabalhando suas carências, não faltaria nada a Deulo para que se tornasse um jogador world class.

A origem dos "Culés"

Muitos clubes possuem apelidos interessantes e, entre uma zoação e outra, endossam algum fato histórico ou curiosidade no que concerne a própria agremiação. Com o Barça não é diferente. Dentre vários apelidos, o mais utilizado, ou o mais escutado, é: Culés. De onde vem o termo?

Vamos aos fatos:

Culés é o plural de culé, um derivado da palavra catalã cul (culo em castelhano) e que significa bunda em português.

A alcunha dos adeptos do Barcelona data de 1909, quando a equipa catalã jogava no seu primeiro estádio – La Escopidora ou Camp del Carrer Industria (Campo da Rua da Indústria).

(Foto de 1909)

Este estádio de pequenas dimensões - 3.000 lugares - lotava completamente em dia de jogo, e do lado exterior eram visíveis os espectadores que se sentavam na parte mais alta da arquibancada.

A imagem desde a rua, conforme mostra a foto desse tempo, era a de uma fila interminável de traseiros (bundas).

Assim se começaram a apelidar de Culés os fãs do Barça. A priori, soou de forma pejorativa. Mas, com o tempo, o apelido foi bem aceito pelos torcedores.

Fonte: http://pinceladasgloriosas-gv.blogspot.com.br/2012/10/os-cules.html

Os donos da camisa 11 do Barça no século XXI

A nova sensação do Barcelona é Neymar Jr. O jogador, cria das categorias de base do Santos, chegou fazendo barulho pelos lados do Camp Nou. Com a chegada do craque brasileiro e a aposta em um novo ídolo, ficou a pergunta no ar: qual camisa Neymar vestirá?

A priori, o atacante foi apresentado sem ostentar número algum nas costas. Mas, com as saídas de Thiago Alcântara e Villa, as chances foram surgindo. As opções seriam a 7 ou a 11. Como muitos sabem, a jóia blaugrana tem um carinho especial pela 11, que um dia foi de Rivaldo. Nem deu tempo para que as especulações esquentassem e, como quem estava predestinado a realizar um sonho, Neymar optou pela 11. Com a escolha, ele será o 7º jogador a utilizar essa camisa no século XXI. Vejam os outros atletas que atuaram com este número. 

MARC OVERMARS (2001-2004)

Holandês de raro talento e bastante velocidade. Ao contrário do sucesso alcançado no Arsenal e Ajax, quando venceu inúmeros campeonatos, Overmars não conquistou nenhum título no Barcelona. Fez apenas 19 gols em 99 partidas.

MAXI LÓPEZ (2004-2006)

Atacante que surgiu muito bem no River Plate. Chamou a atenção do Barça e foi contratado em 2004, com todas as pompas de fazedor de gols. Apesar dos quatro títulos, nunca foi a sombra do jogador que marcou história no time argentino. Fez apenas 2 gols, em 2 anos como atleta do clube.

GIANLUCA ZAMBROTTA (2006-2008)

Foi contratado após ter sido campeão mundial com a Itália, em 2006. Versátil, Zambrotta jogou nas duas laterais. Títulos? Somente a Supercopa da Espanha, em 2006. Fez o seu papel e não comprometeu. Foram 3 gols anotados.

BOJAN KRKIC (2008-2010)

Talento raro nas categorias de base, foi apontado como a maior promessa do clube, desde Lionel Messi. As apostas na dupla Bojan e Messi foram imensas. Começou bem e fez parte do super time de Pep Guardiola, que venceu tudo em 2009. Mas, com seguidas lesões e instabilidade técnica, acabou não rendendo o esperado. Foram 10 títulos e 41 gols anotados.

JEFFRÉN SUÁREZ (2010-2011)

Chegou ao Barcelona com apenas 16 anos. Foi preparado em La Masia para que pudesse brilhar no time principal. No entanto, nunca se firmou como titular. Seu grande momento foi o gol anotado nos 5x0 diante do Real Madrid, em 2010. Apesar dos 11 títulos, Jeffrén passou a maior parte deles comemorando lá, no banco de reservas. Os míseros 3 gols comprovam seu pífio desempenho.

THIAGO ALCÂNTARA (2011-2013)

Talento raro e habilidade tremenda. Filho de Mazinho, campeão do mundo pelo Brasil em 1994, Thiago estava sendo preparado para ser o sucessor de Xavi. Mesmo que enfeitasse algumas jogadas, era perceptível o talento monstruoso que ele tinha/tem. Porém, preferiu sair do clube justamente no momento em que teria maiores chances. Com 10 títulos e 11 gols pelo clube, vai deixar saudades.

Será que Neymar vai, finalmente, "vingar" e quebrar a "maldição" da camisa 11 do Barcelona no século XXI?